Para quem vem estudando o assunto, essa foto simboliza uma realidade que não é nova, mas que parece mais presente nos dias atuais. E não é um problema exclusivamente europeu, é um fenômeno mundial, inclusive com repercussão no Brasil. Há uma forte relação entre as migrações e o mundo do trabalho, passando pelo tráfico de pessoas e pelo trabalho escravo; por isso escolhi este tema hoje para a atualização deste blog que fala da Vida e do Trabalho.
Para não me restringir a um desabafo ou simples emissão da minha opinião sobre um assunto tão complexo, considerei que uma boa contribuição a uma melhor compreensão sobre o tema, seria indicar uma boa referência. E ao procurar por ela, cheguei à excelente publicação produzida pelo Ministério Público do Trabalho - MPT. Reconhecendo a importância e a atualidade do assunto, o MPT promoveu em março do ano passado, em Brasília, o Simpósio Internacional sobre Migrações e Trabalho. Durante dois dias, a temática foi avaliada por diversos olhares, incluindo a participação de representantes da Argentina, Itália e Espanha.
Um dos frutos desse evento, foi a publicação, em 2015, do livro que representa, segundo os seus organizadores, "a concretização dos estudos, pesquisas e sentimentos depositados em palestras e debates do Simpósio".
No prefácio do livro, o Procurador Geral do Trabalho, Luís Antonio Camargo de Melo, discorre sobre o vínculo do assunto com a realidade do Brasil. Reproduzo, a seguir, um trecho desse prefácio:
"A história do povo brasileiro tem, em sua raiz, o trabalho do migrante, africano ou europeu, branco ou negro. No entanto, o enfrentamento que se confere ao tema, desde uma perspectiva econômica, social ou jurídica, já não pode ser o mesmo. Há 20 anos, o Brasil deu início a um trabalho eficaz, comprometido, solidário e interinstitucional, com vistas a erradicar de nosso território o trabalho escravo contemporâneo. Obtivemos resultados dignos de celebração, reconhecidos pela Organização Internacional do Trabalho.No entanto, os desafios se renovam e o trabalho escravo urbano bem como a presença do migrante indocumentado assumem preponderância na pauta de debates, estudo e atuação.As migrações, o trabalho escravo contemporâneo e o tráfico de seres humanos se inserem em um contexto marcado pela transversalidade. Como exemplo, cito a Campanha da Fraternidade de 2014, para a qual a Igreja Católica no Brasil escolheu o tema “fraternidade e tráfico humano”.Com esta obra, fruto do Simpósio Internacional Migrações e Trabalho, o Ministério Público do Trabalho objetiva jogar maiores luzes ao viés social do tema, sem deixar de reconhecer a relevância da atuação repressiva penal e política entre os Estados.A questão migratória e o mundo globalizado dizem respeito a todos nós: brasileiros, sul-americanos, cidadãos do mundo. Em 26 de março de 1991, era assinado o Tratado de Assunção e constituído o Mercado Comum do Sul – Mercosul. A zona de livre comércio, no entanto, tem maiores ambições. A integração política, social, educacional e a formação dos próprios trabalhadores pedem passagem. A livre circulação de pessoas e trabalhadores afeta diretamente a cidadania comunitária. O livre trânsito de mercadorias, serviços e estabelecimentos interferirá diretamente na abordagem jurídica que se imprime às relações de trabalho."O livro está disponível ao público, através do portal do MPT. Os organizadores foram os procuradores Erlan José Peixoto do Prado e Renata Coelho. O livro é composto por treze artigos que tratam a questão sob perspectivas sociais, políticas e econômicas. Para ter acesso ao livro, acesse o portal do Ministério Público do Trabalho na Internet, ou clique aqui.
Fonte: Portal do Ministério Público do Trabalho: portal.mpt.gov.br
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