domingo, 30 de maio de 2010

Brigada de incêndio do Instituto Butantan estava inativa

Uma reportagem da Revista Emergência revela que a Brigada de Emergência do Instituto Butantan, de São Paulo, estava inoperante há algum tempo. É triste constatar que instituições que possuem um acervo tão valioso ainda não estejam em dia com as suas obrigações mínimas relacionadas à segurança das pessoas e das instalações. O incêndio que atingiu o Instituto Butantan, destruiu grande parte do acervo, cerca de 70 mil espécies de cobras, e das pesquisas realizadas há tantos anos. O acervo do Instituto era considerado o mais completo banco de dados de serpentes tropicais do mundo. A fotografia, de Renato Canato (Folha Imagem), mostra parte do prédio danificado pelo incêndio.



O Instituto Butantan é um centro de pesquisas biomédicas localizado no bairro do Butantan. Foi fundado em 23 de janeiro de 1901 e é responsável pela produção de soros e vacinas. Conta com parque, museus, bibliotecas e serpentário. O instituto é também um órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Coloquei logo abaixo, uma transcrição parcial da reportagem, cuja íntegra está na seção de notícias da Revista Emergência. Ao final da transcrição, há uma reportagem sobre o incêndio, divulgada pelo telejornal SP TV.

Brigada de incêndio do Butantã estava inativa
Data: 19/05/2010 / Fonte: Estado de S.Paulo

São Paulo - O Instituto Butantã não possui uma brigada de incêndio funcional há pelo menos dois anos, segundo informações da Comissão de Saúde do Trabalhador (Comsat) do Butantã. A brigada foi montada no início da década para oferecer treinamento e uma estrutura mínima para intervenção rápida em caso de acidentes e princípios de incêndio.

Na tragédia que destruiu a coleção de serpentes não teria ajudado muito, pois o evento ocorreu fora do expediente de trabalho e as chamas alastraram-se de forma agressiva. Mas funcionários do Butantã manifestaram a necessidade de reativar a iniciativa, que já contou com dois representantes de cada unidade.

Um ofício interno da Comsat para a Divisão de Engenharia, datado de julho de 2008, afirma que a brigada de incêndio "tem grande importância", mas "não estava funcional devido à existência de algumas pendências", como a contratação de bombeiros industriais para treinar os funcionários brigadistas.

Logo depois, a Comsat enviou um ofício para o diretor do Instituto Butantã, Otávio Mercadante. Nele, é reafirmada "a necessidade da contratação de bombeiros, pois o assunto está relacionado diretamente com a saúde do trabalhador". Rogério Bertani, pesquisador e presidente recém-eleito da Comsat, diz que a situação não mudou desde 2008 e, até agora, a brigada espera a reativação. "Ela seria importante também para atuar de forma preventiva, identificando riscos que podem produzir acidentes como esse."

Procurado pelo Estado, o Butantã informou, por nota, que "a unidade conta com uma brigada de incêndio, chefiada pelo engenheiro Carlos Correa e formada por outras quatro pessoas. Essa brigada atua na vistoria de equipamentos e treinamento de pessoal". Sublinha ainda que o Butantã gastou R$ 200 mil na compra de equipamentos de segurança nos últimos meses.

Prevenção tardia. Detectores de calor e fumaça estavam prestes a ser comprados para o prédio que abrigava o acervo. "É possível que em um mês teríamos esse equipamento", disse ao Estado o curador da coleção, Francisco Luis Franco. "Já estávamos chamando empresas para fazer orçamentos."

O dinheiro viria de um projeto de organização do acervo, financiado pelo BNDES, no valor de R$ 500 mil. Parte do recurso havia sido gasto na compra de armários compactadores, extintores e outros itens. Faltam os detectores. A adequação do sistema anti-incêndio foi uma exigência do BNDES para aprovar o financiamento, segundo pessoas ligadas ao projeto.

No sábado, dia do incêndio, Franco disse que havia também um projeto submetido à Fapesp, específico para a instalação de um sistema anti-incêndio. A Fapesp, porém, informou ontem que não havia projetos com essa especificidade. Procurado pelo Estado, Franco disse que se enganou. O sistema antifogo fazia parte de um projeto maior, de informatização das coleções, mas foi retirado na última hora para ser inserido em um separado, "mais específico e com melhores chances de ser financiado".

Incêndio

No sábado, dia 15 de maio de 2010, um incêndio destruiu a maior parte dessa coleção, que era guardada num prédio sem sistema automático de detecção e combate ao fogo. Os espécimes eram conservados em potes com álcool, por isso as chamas se espalharam rapidamente.


Segue a reportagem sobre o incêndio, divulgada no telejornal SP TV:






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